DEPRESSÃO NA ADOLESCÊNCIA
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Durante muitos anos acreditou-se que os adolescentes, assim como as crianças, não eram afetadas pela Depressão, já que, supostamente, esse grupo etário não tinha problemas vivenciais. Como se acreditava que a Depressão era exclusivamente uma resposta emocional à problemática existencial, então quem não tinha problemas não deveria ter Depressão.
- Não devemos, nem por brincadeira, julgar as
pessoas deprimidas como se elas estivessem ficando loucas, nem
tampouco devemos achar que há motivos para o deprimido se
envergonhar.
A Depressão é uma doença como tantas outras da medicina, sem motivos para vergonha e com real necessidade de tratamento, assim como a medicina faz com a asma, gastrite, hipertensão, etc. - A Depressão afeta pessoas de todas as idades, de todas as nacionalidades, em todas as fases da vida. Estima-se que cerca de 5% da população mundial sofra de Depressão (incidência) e que cerca de 10% a 25% das pessoas possam apresentar um episódio depressivo em algum momento de sua vida (prevalência).
Atualmente sabemos que os adolescentes são tão suscetíveis à
Depressão quanto os adultos e ela é um distúrbio que deve ser
encarado seriamente em todas as faixas etárias. A Depressão
pode interferir de maneira significativa na vida diária, nas
relações sociais e no bem-estar geral do adolescente, podendo
até levar ao suicídio. Quase todas as pessoas, sejam jovens ou
idosas, experimentam sentimentos temporários de tristeza em
algum momento de suas vidas.
Estes sentimentos fazem parte da vida e tendem a desaparecer sem
tratamento. Isso não é Depressão.Quando falamos de
"Depressão", estamos falando de uma doença com
sintomas específicos, com duração e gravidade suficiente para
comprometer seriamente a capacidade de uma pessoa levar uma vida
normal.
Entre aqueles que já sofreram um Episódio Depressivo,
há maior probabilidade de terem mais outros episódios depressivos ao
longo de suas vidas, embora esta probabilidade varie muito de pessoa para
pessoa.
Esse assunto é também tratado aqui, na secção de
Adolescência, porque muitas pessoas apresentam uma primeira
crise de Depressão durante a adolescência, apesar de nem
sempre essa crise ser reconhecida. Segundo os especialistas, a
Depressão comumente aparece pela primeira vez em pessoas com
idade entre 15 e 19 anos (Referência).
Há
muitas tentativas de se definir adolescência, embora nem todas as
sociedades possuam este conceito. Cada cultura possui um conceito de
adolescência, baseando-se sempre nas diferentes idades para definir
este período. No Brasil o Estatuto da Criança e do Adolescente define
esta fase como característica dos 13 aos 18 anos de idade.
A
puberdade tem um aspecto biológico e universal, caracterizada que é
pelas modificações visíveis, como por exemplo, o crescimento de
pêlos pubianos, auxiliares ou torácicos, o aumento da massa corporal,
desenvolvimento das mamas, evolução do pênis, menstruação, etc.
Estas mudanças físicas costumam caracterizar a puberdade, que neste
caso seria um ato biológico ou da natureza.
De fato, observou-se nas duas últimas décadas
um aumento muito grande do número de casos de Depressão com início
na adolescência e na infância. Algumas pesquisas também mostram que
cerca de 20% dos estudantes do 2º grau sentem-se profundamente
infelizes ou têm algum tipo de problema emocional. Talvez seja porque
o mundo moderno esteja se tornando cada vez mais complexo,
competitivo, exigente, e muitos adolescentes têm dificuldades para
lidar com as necessidades de adaptação que se deparam diariamente.
De modo geral os adolescentes se deparam com
várias situações novas e pressões sociais, favorecendo condições
próprias para que apresentem flutuações do humor e mudanças
expressivas no comportamento. Alguns, entretanto, mais sensíveis e
sentimentais, podem desenvolver quadros francamente depressivos com
notáveis sintomas de descontentamento, confusão, solidão,
incompreensão e atitudes de rebeldia. Esse quadro pode indicar
Depressão, ainda que os sentimentos de tristeza não sejam os mais
evidentes.
Os traços afetivos da personalidade talvez sejam as condições capazes
de explicar a razão pela qual alguns adolescentes se tornam deprimidos
enquanto outros não. Como ocorre com qualquer outra doença, algumas
pessoas são mais suscetíveis que outras, além disso. Embora as
tensões da vida cotidiana do adolescente sejam importantes fatores para
o aparecimento da Depressão muitos jovens passam por acontecimentos
desagradáveis sem desenvolver Depressão. A tristeza, comum nos
momentos de reflexão da adolescência, é uma experiência normal que
geralmente não progride para Depressão se a pessoa não tiver outros
requisitos emocionais propícios ao desenvolvimento do transtorno
afetivo.
Hoje em dia é comum pais se orgulharem ao ver seu filhinho/a lidando
perfeitamente bem com o computador, com o vídeo cassete, com aparelho
de DVD e outras parafernálias da tecnologia, muitas vezes quando eles
próprios não sabem fazê-lo ou fazê-lo tão bem.
Essa admiração pela versatilidade tecnológica das crianças é, às
vezes, acompanhada de hipóteses familiares (notadamente de avós
orgulhosos) sobre "as crianças de hoje serem mais inteligentes e
espertas que antes". Na realidade, o que tem acontecido é que as
crianças de hoje deixam de ser subordinadas na medida em que detém
mais saber ou experiência, deixam de submeter-se à supervisão dos
mais velhos, como foi durante muitas eras.
O conflito surge quando a criança se percebe frente a posições
contraditórias. Ela é, ao mesmo tempo, aquela que não sabe por não
ser adulta ainda, portanto, tendo que obedecer ao protocolo cultural de
freqüentar a escola, cursos cada vez mais sofisticados e esportes que
deixaram há muito o aspecto apenas lúdico e, por outro lado, ela já
não pode portar-se puerilmente. Não pode ser criança por saber mais
que os próprios pais a lidar, portanto por ter responsabilidades, com
os apetrechos da vida moderna tecnológica.
Assim sendo, os adolescentes se encontram imersos num mundo de
ambigüidades e contradições. Entre as pulsões para "abraçar o
mundo", passando por cima de tudo e de todos, e momentos de
depressão e frustração, o adolescente se ressente da falta de
liberdade e autonomia dos adultos e, ao mesmo tempo, não pode usufruir
da irresponsabilidade da infância..
Durante a puberdade, geralmente, a fase inicial das mudanças no aspecto
físico é contrária aos modelos de estética ideais. A garota gostaria
de já se ver com seios fartos, ancas roliças, etc., e o menino
desejaria ter a musculatura desejável, barba, etc. Essa distonia entre
o corpo e a aspiração pode desencadear sérias dificuldades de
adaptação, uma baixa auto-estima, uma falta de aceitação pessoal,
resultando em problemas depressivos, anoréticos, obsessivo-compulsivos.
As novas relações sociais do adolescente, notadamente com os pais e
com o grupo de iguais também podem ser e forte fonte de ansiedade,
confusão e sentir que ninguém o entende. Paralelamente, sobrevém a
angústia de estar só e de ser incapaz de decidir corretamente seu
futuro.
Os conflitos tendem a agravar-se muitíssimo mais se este jovem estiver
inserido numa família que também está em crise, seja por separação
dos pais, por violência doméstica, alcoolismo de um dos pais, sérias
dificuldades econômicas, doença física ou morte.
Os conflitos tendem a agravar-se muitíssimo mais se este jovem estiver
inserido numa família que também está em crise, seja por separação
dos pais, por violência doméstica, alcoolismo de um dos pais, sérias
dificuldades econômicas, doença física ou morte.
O adolescente possui tendência natural para comunicar-se através da
ação, em detrimento da palavra. Por isso, na busca de uma solução
para seus conflitos, os jovens podem recorrer às drogas, ao álcool ou
à sexualidade precoce ou promíscua. Tudo isso na tentativa de aliviar
a angústia ou reencontrar a harmonia perdida. Angustiados e confusos,
podem adotar comportamentos agressivos e destrutivos contra a sociedade.
Por isso tem sido comum observarmos o adolescente manifestar sua
depressão através de uma série de atos anti-sociais, distúrbios de
conduta, e comportamentos hostis e agressivos.
Entre adolescentes a depressão também pode ser "mascarada"
por problemas físicos e queixas somáticas que parecem não ter
relação com as emoções. Estes problemas podem incluir alterações
de apetite ou distúrbios de alimentação, tais como anorexia nervosa
ou bulimia. Alguns adolescentes deprimidos podem se sentir extremamente
cansados e sonolentos o tempo todo, e exaustos mesmo depois de terem
dormido por várias horas.
Embora a Depressão Atípica seja a norma entre crianças e
adolescentes, a depressão franca ou típica também pode ser comum. O
jovem deprimido confia pouco em si mesmo, tem auto-estima baixa,
experimenta alterações no apetite e no sono, se auto-acusa e tem
lentidão dos pensamentos. A baixa auto-estima faz com que veja a si
mesmo como sem valor, feio, desinteressante e cheio de falhas pessoais
(veja Sofrimento Moral). Estes sentimentos angustiantes e depressivos
levam, invariavelmente, a prejuízo na saúde, na escola, no
relacionamento familiar e social.
Durante um Episódio Depressivo o jovem costuma sentir-se inquieto ou
irritado, isolar-se de amigos ou familiares, ter dificuldade de se
concentrar nas tarefas, perder o interesse ou o prazer em atividades que
antes gostava de realizar, sentir-se desesperançado e ter sentimentos
de culpa e perda do prazer em viver. Pode também ter alterações do
sono, por exemplo, ir dormir mais tarde do que costumava fazer, acordar
cedo demais, ter sonolência durante o dia; e do apetite, que o leva a
ganhar ou perder peso.
Muitas vezes, o adolescente deprimido pode tentar suicídio. Faz isso de
forma franca ou velada. De forma velada age de maneira inconsciente,
envolvendo-se em atitudes completamente imprudentes, acidentes
automobilísticos, uso progressivo de drogas e álcool, ingestão de
comprimidos perigosos, uso de armas de fogo, etc.
O risco de suicídio
Atualmente, a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 19
anos de idade é o suicídio. A primeira causa são os acidentes,
principalmente com automóveis. O índice de suicídio entre pessoas
jovens triplicou nos últimos 30 anos (Referência).
Quando uma pessoa fala a respeito de cometer suicídio, ao contrário do
que pensam muitos, a coisa mais importante a fazer é levá-la a sério.
As pessoas que falam em suicídio podem estar, de fato, pensando em
praticá-lo e, sendo jovens ou não, a maioria dos que tentam o
suicídio sempre dão uma espécie de "aviso" sobre suas
intenções.
Os principais sinais de advertência para o risco de transtorno do humor
que, eventualmente, pode resultar em suicídio são:
1.Mudanças acentuadas na personalidade
2. Mudanças acentuadas na aparência,
3. Alterações nos padrões de sono
4. Alterações nos hábitos alimentares
5. Prejuízo no rendimento escolar.
6. Falar sobre morte ou suicídio
7. Provocar ferimentos em si próprio
8. Pânico ou ansiedade crônicos
9. Distribuir objetos pessoais
2. Mudanças acentuadas na aparência,
3. Alterações nos padrões de sono
4. Alterações nos hábitos alimentares
5. Prejuízo no rendimento escolar.
6. Falar sobre morte ou suicídio
7. Provocar ferimentos em si próprio
8. Pânico ou ansiedade crônicos
9. Distribuir objetos pessoais
Entre adolescentes com alto risco de suicídio, muitos tomam a
trágica decisão após uma situação de grande tensão, como por
exemplo o rompimento de um relacionamento, um fracasso escolar ou
profissional ou uma briga importante com os pais. A incidência de
êxito entre adolescentes que realmente tentam por fim à própria vida
é maior entre o sexo masculino do que entre o sexo feminino.
A grosso modo podemos dividir os adolescentes vulneráveis ao
suicídio em três grupos:
1. Adolescentes com sintomas clássicos de depressão, tais como tristeza e desesperança.
2. Perfeccionistas que estabelecem para si mesmos padrões muito alto de desempenho.
3. Garotos que expressam sua depressão com comportamentos agressivos ou atitudes de se expor a situações de risco, uso de drogas e confrontos com autoridades.
A depressão neste grupo pode ser particularmente difícil de detectar,
uma vez que estes jovens tendem a negar quaisquer sentimentos de
depressão. Esta é uma situação particularmente perigosa porque este
é o tipo de adolescente que mais provavelmente será bem sucedido em
sua tentativa de cometer suicídio.
Entre adolescentes com alto risco de suicídio, muitos tomam a trágica
decisão após uma situação de grande tensão, como por exemplo o
rompimento de um relacionamento, um fracasso escolar ou profissional ou
uma briga importante com os pais. A incidência de êxito entre
adolescentes que realmente tentam por fim à própria vida é maior
entre o sexo masculino do que entre o sexo feminino.
Algumas pessoas são mais suscetíveis à Depressão que outras, tal
como ocorre com qualquer outra doença. Além disso, a depressão
resulta de uma combinação de múltiplos fatores e não de apenas uma
causa.
De modo geral, as tensões da vida cotidiana, agravadas pelo panorama
existencial próprio da adolescência, são importantes fatores que
contribuem para o aparecimento da depressão nos jovens. O medo do
fracasso, a discriminação da faixa etária e a pressão para realizar
inúmeras tarefas podem contribuir para o aparecimento da depressão.
Os fatores genéticos têm importante papel no desenvolvimento de
Depressão. A ocorrência de Depressão é muito mais freqüente nas
pessoas que têm familiares também com transtornos depressivos. Além
disso, atualmente as pesquisas concentram-se principalmente na área
bioquímica da Depressão.
Acredita-se fortemente que a Depressão possa ser causada por um
desequilíbrio de substâncias químicas cerebrais denominadas
neurotransmissores, notadamente três deles; a noradrenalina, dopamina
e, principalmente, a serotonina. Além disso, os neuroreceptores também
desempenham importante papel no estado depressivo.
Tratamento
Muitos jovens deprimidos podem se beneficiar de um programa de
tratamento adequado. O primeiro passo, evidentemente, é procurar a
experiência de um profissional capacitado para diagnóstico,
aconselhamento, tratamento e ajuda. Juntamente com o adolescente, os
familiares e o médico podem chegar a uma decisão sobre o tipo mais
adequado tratamento para o paciente. Para alguns adolescentes, o
aconselhamento pode ser a única terapia necessária. Muitas vezes o
tratamento medicamentoso é indispensável mas, mesmo com ele, o
aconselhamento que envolve o adolescente e sua família é bastante
benéfico.
Existem vários antidepressivos eficazes que podem ser utilizados no
tratamento da depressão na adolescência, especialmente nos casos mais
graves. As principais classes destes medicamentos são os
Antidepressivos Tricíclicos, Inibidores da Monoaminoxidase (IMAOs), os
Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS) e os
Antidepressivos Atípicos. (Veja Tratamento da Depressão)


0 comentários:
Postar um comentário